A transdisciplinaridade do livro Autobiografia de um iogue

Gostaria de me reportar ao interessante artigo de Mauro Celso Destácio que enfocou a transdisciplinaridade tendo por base o livro Autobiografia de um Iogue, de Paramahansa Yogananda.

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Muitos cientistas encontram-se confusos diante dos paradoxos dos métodos cartesianos, mais que nunca evidenciados, sem saberem onde buscar respostas, conforme acentuou recentemente Simon White, do Instituto Max Planck, reconhecendo uma crise estrutural na ciência.

Para White, será necessária criatividade na busca de saídas, mas creio que falta mesmo é humildade para aceitarem a influência da espiritualidade, até que concluam com Fritjof Capra o mesmo que Mauro Destácio propôs no seu artigo: “A filosofia das tradições místicas, também conhecida como ‘filosofia perene’, proporciona a mais consistente base filosófica às nossas modernas teorias científicas”.

Não ficarão decepcionados aqueles que buscarem respostas na obra de Paramahansa Yogananda, principalmente se seguirem o método intuitivo indicado por ele.

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A metodologia de Descartes tem um grande valor, mas está claro que não consegue abranger toda a realidade que nos cerca.

A ciência encontra-se num vácuo, entre o reconhecimento explícito das debilidades do cartesianismo, e as dificuldades em situar os paradigmas quânticos, estes ainda distantes de uma síntese capaz de consolidar referências científicas rigorosas. A ciência hoje reconhece sua incapacidade de alcançar a verdade, no máximo uma “quase-verdade”, como propôs o professor Newton da Costa, da USP.

As teorias baseadas na física quântica encontram-se mais na fase de lançar dúvidas do que de apresentar respostas consistentes. A mística destacada pelos estudiosos, como apresentada pelo escritor Fritjof Capra no livro O Tao da Física, aparece mais como ornamento do que propriamente um campo capaz de inspirar novos caminhos para a ciência.

O debate da física quântica, até agora, não incentivou uma prática espiritual com o objetivo de tentar replicar o método dos místicos orientais apontados por Capra e aproveitá-lo na ciência contemporânea.

Huberto Rohden deu pistas ao investigar os assombrosos resultados de Albert Einstein, expondo interessantes reflexões no livro Einstein, o enigma da matemática (Editora Martin Claret).

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Considero o livro Autobiografia de um Iogue um divisor de águas, o “elo perdido” capaz de facilitar o acesso às respostas que a Física Quântica não vem apresentando.

Yogananda apresenta o mais completo entendimento já publicado da filosofia perene, com um rigor capaz de deixar rapidamente desapontado o mais convicto nietzscheniano.

Para Yogananda, vale perfeitamente a máxima chinesa: “O sábio é notado sem se exibir. Renuncia a si mesmo e jamais será esquecido”. Ele vem fazendo revoluções silenciosas, nos mais diversos campos, com o selo da transdisciplinaridade e “na direção da sabedoria total”, como pretende o professor Ubiratan D’Ambrosio, citado por Mauro Destácio no artigo.

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A sabedoria de Yogananda transborda com força para todas as margens, não apenas para um único ponto, como no caso barragem que libera energia somente para onde se localizam as turbinas. Ele é o tutor não-citado de trabalhos magníficos, como a obra de Huberto Rohden e de Fritjof Capra.

O Tao da Física é o aprofundamento do capítulo 30 da Autobiografia de um Iogue. É aí que um autor aproxima com rigor a física e a mística pela primeira vez.

O potencial à transdisciplinaridade de Yogananda vai mais longe, conforme vemos sugerido no próprio livro, “A Autobiografia (…) é usada em faculdades e universidades de todo o mundo, em cursos das mais diferentes matérias: filosofia e religiões orientais, literatura inglesa, psicologia, sociologia, antropologia, história e até mesmo administração de empresas”.

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A parte mais interessante do artigo de Mauro Destácio é a questão: “por que a ciência ocidental não se propõe a estudar, tendo por base o rigor do método científico, mas com um olhar de abertura para saberes de teor menos materialista, noções como a apresentada por Yogananda na citação acima?´”.

Eu também fiz a mesma pergunta, especialmente após ouvir de um professor que “A Filosofia Oriental não é considerada filosofia pela Filosofia Ocidental”. Encontrei interessantes respostas no livro de Thomas Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas.

Ele explica as dificuldades em se instaurarem novos paradigmas, pois os cientistas que se educaram em determinados modelos tornam-se cegos para os sinais que revolucionam sua ciência “normal”. Destaca Kuhn que, muitas vezes, somente após a morte dos defensores de velhos paradigmas é que se consolidam as evidências refutadoras das teorias ultrapassadas.

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Num primeiro momento, são os estudantes de Paramahansa Yogananda, os monásticos e os kriyabans (praticantes de kriya yoga) do mundo inteiro que poderão apresentar o Mestre para as academias de ciências. Depois, ele será popularizado e reverenciado no meio acadêmico com o mesmo prestígio que um dia foi de René Descartes.

A essência dos seus ensinamentos, vale alertar, não será assimilada apenas por meio de leitura, mas pelo estudo metódico aliado à prática regular, paciente e perseverante, incluindo a devoção.

É necessário que os estudantes aprofundem-se nos ensinamentos, em teoria e prática, pois eles “trazem resultados”, como bem frisa Yogananda, tornando-os irrefutáveis diante das abundantes teorias meramente intelectuais e das “poesias” pós-modernas.

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O trabalho de Mauro Destácio chega em boa hora, pois, além do potencial para o aprofundamento num campo que é referência para diversas ciências, despertará em outros estudantes de Paramahansa Yogananda o interesse pela apreciação científica da sua obra.

O artigo encontra-se publicado na Revista Espiral (Ano 8 – No.29 / Out-Nov-Dez de 2006). Clique aqui para acessar.

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A obra de Paramahansa Yogananda foi o ponto de partida da minha dissertação de mestrado, defendida em 2007 na Universidade Federal do Ceará.

Nesse trabalho, apresentei reflexões sobre EDUCAÇÃO AMBIENTAL a partir da obra de Paramahansa Yogananda. Clique aqui para fazer o download.

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Em tempo: a pergunta feita no artigo, sobre o vínculo entre o embrião e a alma, foi respondida por Yogananda no livro A Eterna Busca do Homem. Veja aqui.

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