Resumo do livro O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA, de Eckhart Tolle, enviado por José Sarques.
O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA
Eckhart Tolle
Sempre que não encobrimos o mundo com palavras e rótulos, retorna à nossa vida a sensação do milagre, que foi perdida muito tempo atrás, quando a humanidade, em vez de usar o pensamento, deixou-se possuir por ele.
Uma das mais básicas estruturas mentais que possibilita a existência do ego é a identificação. Quando nos identificamos com algo, fazemos dele o mesmo que nós e, assim, ele se torna parte de nossa identidade.
Um dos nÃveis mais baixos de identificação é com os objetos, tanto que dizemos meu carro, minha casa, minhas roupas, e assim por diante. Tentamos nos encontrar nas coisas, porém nunca conseguimos fazer isso inteiramente e acabamos nos perdendo nelas. Essa é a sina do ego.
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O Ser deve ser sentido. Não pode ser pensado. O ego não o conhece porque ele se compõe apenas de pensamento. “Bem-aventurados os humildes de espÃrito, porque deles é o Reino dos Céusâ€, disse Jesus. O que significa “humildes de espÃrito?â€. Nenhuma bagagem interior, nenhuma identificação. Nenhuma relação com coisas e com conceitos mentais. E o que é o “Reino dos Céus?â€. A simples, porém profunda alegria do Ser, que está presente quando abandonamos as identificações e nos tornamos “humildes de espÃritoâ€.
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O ego é, invariavelmente, a identificação com a forma. As formas não são apenas objetos materiais e corpos fÃsicos. Mais essenciais do que essas formas externas são as formas de pensamento que surgem de modo contÃnuo no campo da consciência. Elas são formações energéticas, mais sutis e menos densas do que a matéria fÃsica, porém são formas de qualquer maneira.
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Descartes dera expressão a esse erro fundamental (o esquecimento do Ser pela identificação com a forma.) através da máxima: â€Penso, logo existoâ€. Essa foi a resposta que ele encontrou para a pergunta: “Há alguma coisa que eu possa saber com certeza absoluta?â€.Descartes compreendeu que o fato de estar sempre pensando estava além de toda a dúvida; assim, igualou o pensamento ao Ser. Em vez da verdade suprema, ele havia detectado a origem do ego, mas não sabia disso.
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Passaram-se quase 300 anos, antes que outro renomado filósofo francês visse algo naquela afirmação que Descartes não havia percebido. Seu nome era Jean-Paul Sartre. Ele refletiu muito sobre a afirmação de Descartes e, de repente, compreendeu algo. Em suas próprias palavras: “A consciência que afirma ‘eu sou’ não é a consciência que pensaâ€. O que ele quer dizer com isso?. Quando estamos conscientes de que estamos pensando, essa consciência não parte do pensamento. É uma dimensão diferente de consciência.
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Se não houvesse nada além do pensamento em nós, nem sequer saberÃamos que pensamos. SerÃamos como alguém que está sonhando e não sabe que está fazendo isto. EstarÃamos identificados com cada pensamento, assim como aquele que sonha está identificado com cada imagem do sonho.
A implicação da percepção de Sartre é profunda, mas ele próprio ainda estava identificado demais com o pensamento para reconhecer o pleno significado do que descobriu: uma nova dimensão emergente da consciência.
A consciência é o poder oculto dentro do momento presente. É por isso que podemos chamá-la de presença. O propósito supremo da existência humana é trazer esse poder ao mundo.
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Depois que compreendemos que todas as estruturas (formas) são efêmeras, a paz surge dentro de nós. Isso acontece porque o reconhecimento da impermanência de todas as formas nos desperta para a dimensão do que não tem forma no nosso interior, o que está além da morte. Jesus chama isso de “vida eternaâ€.
A causa primeira da infelicidade nunca é a situação, mas os pensamentos sobre ela. Portanto, tome consciência dos pensamentos que estão lhe ocorrendo. Separe-os da situação, que é sempre neutra – ela é como é.
Encarar os fatos é sempre fortalecedor. Tome consciência de que, na maioria das vezes, o que você pensa é o que cria suas emoções – observe a ligação entre eles. Em vez de ser seus pensamentos e suas emoções, seja a consciência por trás deles.
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No caso da maioria das pessoas, quase todos os pensamentos costumam ser involuntários, automáticos, repetitivos. Num sentido estrito, não pensamos – o pensamento acontece em nós. Para essas pessoas, a afirmação “eu penso†é tão falsa quanto “eu faço a digestão†ou “eu faço meu sangue circularâ€. A digestão acontece, a circulação acontece, o pensamento acontece.
As pessoas vivem possuÃdas pelo pensamento, pela mente. E, uma vez que a mente é condicionada pelo passado, então somos forçados a reinterpretá-lo sem parar.
Embora o corpo seja muito inteligente, ele não consegue diferenciar uma situação real de um pensamento. Por isso, reage a todo pensamento como se fosse a realidade. Para o corpo, um pensamento preocupante, assustador, corresponde a “Eu estou em perigoâ€, e ele responde à altura, embora a pessoa que esteja pensando isso possa estar numa cama quente e confortável.
Por causa da tendência humana de perpetuar emoções antigas, quase todo mundo carrega no seu corpo energético um acúmulo de antigas dores emocionais, que eu chamo de “corpo de dorâ€. Toda emoção negativa que não é plenamente enfrentada nem considerada pelo que ela é, no momento em que se manifesta, não se dissipa por inteiro. Deixa atrás de si um traço remanescente de dor.
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O ego não é apenas a mente não observada, a voz na cabeça que finge ser nós, mas também as emoções não observadas que constituem as reações do corpo ao que essa voz diz. A voz na cabeça (os pensamentos) conta ao corpo uma história em que ele acredita e à qual reage. Essas reações são as emoções. Estas, por sua vez, devolvem energia para os pensamentos que as criaram originalmente. Esse é o cÃrculo vicioso entre emoções e pensamentos.
O começo da libertação do corpo de dor está primeiro na compreensão de que o temos. Depois, e mais importante, na capacidade de permanecer presente o bastante, isto é, atento o suficiente, para percebê-lo como um pesado influxo de emoções negativas que entra em atividade. No momento em que é reconhecido, ele não consegue mais viver e se renovar por nosso intermédio.
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É nossa presença consciente que rompe a identificação com o corpo de dor. Assim que desfazemos sua ligação com nosso pensamento, ele começa a perder energia. A energia que estava presa no corpo de dor muda sua freqüência vibracional e é convertida em presença. Dessa maneira, o corpo de dor se torna combustÃvel para a consciência. É por isso que muitas das pessoas mais sábias e iluminadas do planeta já tiveram um corpo de dor bastante pesado.
Uma pergunta que as pessoas costumam fazer é: “De quanto tempo precisamos para nos libertar do corpo de dor?â€. Não é o corpo de dor, e sim a identificação com ele que causa o sofrimento. É essa identificação que nos leva a reviver o passado vezes sem conta e nos mantém no estado de inconsciência. Assim, uma pergunta mais importante a fazer seria esta: “De quanto tempo necessitamos para nos libertar da identificação com o corpo de dor?â€.  A resposta a esse pergunta é: não demora tempo nenhum. Sempre que o corpo de dor estiver em atividade, temos que estar cientes de que o que estamos sentindo é o corpo de dor em nós. Esse reconhecimento é tudo que precisamos para interromper a identificação com ele. E quando essa identificação cessa, a transmutação tem inÃcio.
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As muitas coisas que acontecem, as numerosas formas que a vida assume, são de natureza efêmera. Todas elas são fugazes. Coisas, corpos e egos, acontecimentos, situações, pensamentos, emoções, desejos, ambições, medos, conflitos: eles surgem, fingem ser da maior importância e, antes que possamos conhecê-los, já se foram, dissolvidos na imaterialidade da qual vieram. Será que conseguiram ser mais do que um sonho, o sonho da forma?
Sempre que estamos presentes, isto é, toda vez que nossa atenção está toda no Agora, essa presença flui para aquilo que fazemos e o transforma. Há qualidade e poder no que executamos.
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A alegria do Ser, que é a única felicidade verdadeira, não pode nos acontecer por meio de nenhum tipo de forma, bem material, realização, pessoa, fato; isto é, por intermédio de nada que ocorra. Ela emana da dimensão sem forma em nosso interior, da consciência em si; portanto é una com quem somos.